Vacina contra chikungunya está sendo desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica Valneva. Fonte: Governo SP
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o registro definitivo da primeira vacina contra a chikungunya no Brasil. Desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica franco-austríaca Valneva, a vacina IXCHIQ representa um avanço na luta contra uma doença que afeta milhares de pessoas anualmente. Neste artigo, vamos explorar os detalhes da vacina, os impactos da chikungunya e as perspectivas para o futuro.
O Que é a Chikungunya?
A chikungunya é uma doença viral transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus, os mesmos vetores da dengue e do zika vírus.
Seus sintomas incluem:
- Febre alta (acima de 38,5 °C);
- Dores intensas nas articulações de pés e mãos;
- Dor muscular e de cabeça;
- Manchas vermelhas na pele.
O vírus Chikungunya foi introduzido no continente americano em 2013 e ocasionou uma importante epidemia em diversos países da América Central e ilhas do Caribe. No segundo semestre de 2014, o Brasil confirmou, por métodos laboratoriais, a presença da doença nos estados do Amapá e Bahia. Atualmente, todos os estados registram transmissão desse arbovírus.
Embora alguns casos sejam assintomáticos, a doença pode causar sequelas crônicas, como dores articulares que duram anos. Em 2024, o Brasil registrou mais de 260 mil casos prováveis e pelo menos 213 mortes relacionadas à chikungunya.
Estudo Clínico Publicado na The Lancet
Os resultados do estudo clínico de fase 3 da vacina foram publicados na renomada revista The Lancet Infectious Diseases em setembro de 2024. O ensaio foi conduzido com adolescentes brasileiros entre 12 e 17 anos e revelou dados promissores:
- Eficácia: Após uma dose da vacina, foi observada presença de anticorpos neutralizantes em 100% dos voluntários com infecção prévia e em 98,8% daqueles sem contato anterior com o vírus.
- Duração da Proteção: A imunidade foi mantida em 99,1% dos participantes após seis meses.
- Segurança: A maioria dos eventos adversos registrados foi leve ou moderada, incluindo dor de cabeça, fadiga, febre e dor no corpo.
Esses resultados reforçam a segurança e eficácia do imunizante, especialmente em populações vulneráveis como adolescentes residentes em áreas endêmicas. O estudo completo pode ser acessado aqui.
A vacina já havia sido aprovada anteriormente pela Food and Drug Administration (FDA) nos Estados Unidos e pela União Europeia. No Brasil, o Instituto Butantan está trabalhando em uma versão nacional para facilitar sua inclusão no Sistema Único de Saúde (SUS).
Quando a Vacina Será Incorporada ao Calendário Vacinal?
Embora a aprovação pela Anvisa seja um marco importante, ainda não há uma data definida para a incorporação da vacina contra chikungunya ao calendário vacinal nacional. Esse processo depende de análises adicionais pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (CONITEC) e outras autoridades responsáveis.
O Instituto Butantan está adaptando o imunizante para produção nacional, o que pode acelerar sua distribuição futura. A expectativa é que as regiões endêmicas – onde há maior incidência da doença – sejam priorizadas na vacinação inicial. A inclusão definitiva no calendário vacinal dependerá também de fatores como custo-benefício, logística de distribuição e disponibilidade do imunizante.
Impacto da Aprovação
A aprovação da vacina pela Anvisa marca um passo crucial no combate à chikungunya. Além de reduzir os casos graves e as sequelas crônicas, a vacinação pode aliviar a sobrecarga nos sistemas de saúde das regiões mais afetadas.
Segundo Esper Kallás, diretor do Instituto Butantan, a estratégia inicial deve focar nas regiões endêmicas do Brasil. Isso reforça a importância da produção local para garantir maior acessibilidade ao imunizante e atender às populações mais vulneráveis.
Prevenção Ainda é Essencial
Enquanto a vacinação não é amplamente distribuída, medidas preventivas continuam sendo fundamentais para combater a proliferação do mosquito transmissor:
- Eliminar água parada;
- Manter caixas d’água bem tampadas;
- Limpar quintais regularmente.
Essas ações simples podem reduzir significativamente os riscos de transmissão enquanto a vacinação avança.
Perspectivas Futuras
Com a aprovação da vacina contra chikungunya, espera-se que o Brasil lidere esforços na América Latina para combater surtos futuros. A produção local pelo Instituto Butantan permitirá maior acessibilidade ao imunizante e reforçará o papel do país na inovação científica.
Além disso, essa conquista abre caminho para novas pesquisas sobre vacinas contra outras doenças transmitidas por mosquitos, como dengue e zika vírus.